domingo, 15 de abril de 2012

Redoma de vidro


Por detrás do vidro vejo a vida passar rapidamente

Posso imaginar lindos rapazes passarem por minhas garras de aço, afiadas

Que perfuram seus corpos em ebulição

Posso sentir o perfume atraente no lençol, pois a cama é o palco de nossa efervescência viril e amável

O que não posso é atravessar o vidro e materializar o que imagino

Sou prisioneiro em uma redoma de vidro, que deixa livre apenas meus pés

Tenho armas para quebrá-la, mas não posso

Não é tempo

Os crisântemos atraentes que por mim passam não escutam

Não escutam quando os chamo para a rua escura e deserta, com malícia

Não podem ir comigo ao pomar, quando os convido para colher laranjas

Os amores são frustrantes dentro de uma redoma de vidro

Mas, com os pés livres, subo as escadas

Que conduzem ao amanhã.