Por detrás do vidro vejo a vida passar rapidamente
Posso imaginar lindos rapazes passarem por minhas garras de aço, afiadas
Que perfuram seus corpos em ebulição
Posso sentir o perfume atraente no lençol, pois a cama é o palco de nossa efervescência viril e amável
O que não posso é atravessar o vidro e materializar o que imagino
Sou prisioneiro em uma redoma de vidro, que deixa livre apenas meus pés
Tenho armas para quebrá-la, mas não posso
Não é tempo
Os crisântemos atraentes que por mim passam não escutam
Não escutam quando os chamo para a rua escura e deserta, com malícia
Não podem ir comigo ao pomar, quando os convido para colher laranjas
Os amores são frustrantes dentro de uma redoma de vidro
Mas, com os pés livres, subo as escadas
Que conduzem ao amanhã.